quinta-feira, 4 de setembro de 2008

"Talvez Sejamos Irmãos"

Carta resposta do Chefe Índio Seattle à proposta de aquisição das terras, onde vivia a sua tribo, do Presidente dos Estados Unidos da América, Franklin Pierce - 1854.

Os Índios Duwamish habitavam na zona norte do atual estado de Washington, cuja capital Seattle tem o nome do Chefe Índio que proferiu o discurso, conhecido como a Carta do Chefe Índio, que é considerada como um dos mais belos manifestos ecológicos. Após a cedência das terras os índios Duwamish migraram para a reserva Port Madison onde está sepultado o Chefe Seattle.

"O Grande Chefe de Washington comunicou-nos o seu desejo de comprar as nossas terras. O Grande Chefe assegurou-nos também da sua amizade e de quanto nos preza. Isso é muito generoso da sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade.

Porém, vamos considerar a sua oferta, pois sabemos que se o não fizermos o homem branco virá com armas e tomará as nossas terras.

Mas, como pode comprar ou vender o céu e o calor da terra? Tal idéia é estranha para nós. Se não somos os proprietários da pureza do ar ou do resplendor da água, como podes comprá-los a nós?

Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo. Cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada clareira e cada zumbido de inseto são sagrados nas tradições e na memória do meu povo. A seiva que corre nas árvores transporta consigo as recordações do homem de pele vermelho. O homem branco esquece a sua terra natal, quando, depois de morto vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem a beleza desta terra, pois ela é a mãe do homem de pele vermelha. Somos parte destas terras como elas fazem parte de nós.

As flores perfumadas são nossas irmãs; o veado, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos. As cristas rochosas, as seivas das pradarias, o calor que emana do corpo de um pônei e o próprio homem, todos pertencem à mesma família.

Assim, quando o Grande Chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O Grande Chefe manda dizer que nos reservará um lugar em que possamos viver confortavelmente e que será para nós como um pai e que nós seremos seus filhos. Vamos considerar a sua oferta de comprar a nossa terra, embora isso não seja fácil, pois esta terra é sagrada para nós.

A água cintilante dos rios e dos regatos não é apenas água, é o sangue dos nossos antepassados. Se vendermos a nossa terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e deverás ensiná-lo aos teus filhos e fazer-lhes saber que cada reflexo. na água límpida dos lagos fala do passado e das recordações do meu povo. O murmúrio das águas é a voz do pai de meu pai. Os rios são nossos irmãos, matam-nos a sede, transportam-nos nas canoas e alimentam os nossos filhos. Se vendermos a nossa terra, terás de te lembrar e ensinar aos teus filhos que os rios são nossos e vossos irmãos, e terás de dispensar-lhes a bondade que darias a um irmão.

Nós sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um pedaço de terra vale o mesmo que outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mais sua inimiga, e depois de conquistá-la prossegue o seu caminho. Deixa para trás as sepulturas dos seus antepassados e isso não o importa. Apodera-se das terras dos seus filhos e isso não o inquieta. Ele considera a terra, sua mãe, e o céu, seu irmão, como objetos que podem ser comprados, saqueados ou vendidos como ovelhas ou miçangas cintilantes. Na sua voracidade arruinará a terra e deixará atrás de si apenas um deserto.

Não sei. Nossos caminhos diferem dos vossos. As vossas cidades ferem os olhos do homem de pele vermelha. Não há lugares calmos nas cidades do homem branco. Não há sítios onde se possa ouvir as folhas a desabrochar na primavera ou o zunir das asas dos insetos. O barulho que tudo domina ofende os ouvidos do homem de pele vermelha. Para que serve a vida se um homem não pode escutar o grito solitário do noitibó ou a lengalenga noturna das rãs à volta de um pântano? Sou um homem de pele vermelha e não compreendo, talvez porque os homens de pele vermelha são selvagens e ignorantes. O índio prefere o suave sussurro do vento roçando a superfície de uma lagoa e o perfume do ar lavado pela chuva do meio-dia ou carregado do aroma dos pinheiros.

O ar é precioso para o homem de pele vermelha, porque todas as criaturas partilham a mesma aragem: os animais, as árvores, o homem todos respiram o mesmo ar. O homem branco parece indiferente ao ar que respira. Como um moribundo em prolongada agonia, ele é insensível ao ar fétido. Mas se vendermos as nossas terras, deverás recordar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte o seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu o primeiro sopro de vida ao nosso antepassado recebe também o nosso último suspiro. Se vendermos as nossas terras, deverás conservá-la como um lugar reservado e sagrado, onde o próprio homem branco possa saborear o vento perfumado pelas flores da pradaria.

Assim pois, vamos considerar a oferta para comprar a nossa terra. Se decidirmos aceitar, será com uma condição: O homem branco deverá tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo outros costumes. Eu vi milhares de búfalos a apodrecer na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia de um combóio em movimento. Eu sou um selvagem que não compreende que o cavalo de ferro fumegante possa ser mais importante do que o búfalo que nós, os índios, matamos apenas para o sustento de nossa vida.

O que seria do homem sem os animais? Se todos os animais desaparecessem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais não tarda a acontecer ao homem. Todas as coisas estão relacionadas entre si.

Deverão ensinar aos vossos filhos que o chão debaixo dos seus pés é feito das cinzas dos nossos antepassados. Ensinem aos vossos filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão é sobre eles próprios que cospem.

Uma coisa sabemos: a terra não pertence ao homem, é o homem que pertence à terra. Disto temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si.

Tudo o que acontece à terra acontece aos filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a teia da vida, ele não passa de um fio da teia. Tudo que ele fizer à trama, a si próprio fará.

Mas nós vamos considerar a vossa oferta e ir para a reserva que destinais ao meu povo. Viveremos à parte e em paz. Que nos importa o lugar onde passarem os o resto dos nossos dias? Já não serão muitos. Ainda algumas horas, alguns invernos e não restará qualquer dos filhos das grandes tribos que viveram outrora nestas terras, ou que vagueiam ainda nas florestas. Nenhum estará cá para chorar as sepulturas de um povo tão poderoso e tão cheio de esperança como o vosso. Mas porque chorar o fim do meu povo? As tribos são constituídas por homens e nada mais. E os homens vão e vêm como as vagas do mar.

Nem o próprio homem branco pode escapar ao destino comum. Apesar de tudo talvez sejamos irmãos, veremos. Mas, nós sabemos uma coisa, que o homem branco talvez venha a descobrir um dia, o nosso Deus é o mesmo Deus. Ele é o Deus dos homens e a Sua misericórdia é a mesma para o homem de pele vermelha e para o homem branco. A terra é preciosa aos olhos de Deus e quem ofende a terra cobre o seu criador de desprezo. O homem branco perecerá também e, quem sabe, antes de outras tribos. Continuem a macular o vosso leito e irão sufocar nos vossos desperdícios.

Mas na vossa perdição brilhareis em chamas ofuscantes acendidas pelo poder de Deus que vos conduziu e que, por desígnios só por Ele conhecidos, vos deu poder sobre estas terras e sobre o homem de pele vermelha. Este destino é para nós um mistério. Não o compreendemos quando os búfalos são massacrados, os cavalos selvagens subjugados, os recantos secretos das florestas ficam impregnados do odor de muitos homens e as colinas desfiguradas pelos fios falantes. Onde está a floresta virgem? Desapareceu. Onde está a águia? Morreu. Qual o significado de abandonar os pôneis e a caça? É parar de viver e começar a vegetar.

É nestas condições que vamos considerar a oferta da compra das nossas terras. E se aceitarmos será apenas para ficarmos seguros de recebermos a reserva que nos prometeram. Talvez aí possamos acabar os nossos dias e quando o último homem de pele vermelha tiver desaparecido desta terra, e a sua recordação não for mais do que a sombra de uma nuvem deslizando na pradaria, estes lugares e estas florestas abrigarão ainda os espíritos do meu povo. Assim se vendermos as nossas terras amai-as como as temos amado e cuidai delas como nós cuidamos. E com toda a vossa força e o vosso poder conservem-na para os teus filhos e amem-na como Deus nos ama a todos.

Sabemos uma coisa: o nosso Deus é o mesmo Deus. Ele ama esta terra. O próprio homem branco não pode fugir ao mesmo destino. Talvez sejamos irmãos, veremos.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O Corvo (de Edgar Allan Poe)

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, “está batendo a meus umbrais”.

É só isto, e nada mais.”“.

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu queria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,

Mas sem nome aqui jamais!

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
“É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;·Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais”.

É só isto, e nada mais ““.

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
“Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.

Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.

Isso só e nada mais.

Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.” ·Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.

"É o vento, e nada mais.”

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,

Foi, pousou, e nada mais.

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Diga-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."

Disse o corvo, "Nunca mais".

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousado nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,

Com o nome "Nunca mais".

Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fizeram, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".

Disse o corvo, "Nunca mais".

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
“Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesperança de seu canto cheio de ais

Era este "Nunca mais".

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que queria esta ave agoureira dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,

Com aquele "Nunca mais".

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,

Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"

Disse o corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ânsia e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!

Disse o corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"

Disse o corvo, "Nunca mais".

"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"

Disse o corvo, "Nunca mais".

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,

Libertar-se-á... nunca mais!

Fernando Pessoa

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Catálogo de Erros da Devir

Eu poderia começar dizendo que é muito legal a Devir traduzir os livros de RPG para nós brasileiros. O problema é que em grande maioria as traduções são terríveis. Então àqueles que dominam o idioma bárbaro (o Inglês), eu aconselho a comprarem os livros originais em inglês. Posso afirmar que a grande e única vantagem dos livros traduzidos é o preço. Um exemplo: o meu livro Mummy: the Ressurrection custa US$ 25,95 (que seria em média R$ 64,80), enquanto o similar Múmia: a Ressurreição sai por R$ 49,00. Porém, a tradução, as vezes não se faz valer a diferença do custo. Veja os erros que percebi e tire suas próprias conclusões.

Começando do fundo do baú, nos livros Vampiro: A Máscara (Segunda Edição) e Os Caçadores Caçados a Devir não se decidiu sobre o nome das Disciplinas Celerity (que ora aparecia como Rapidez, ora como Celeridade) e Domination (que ora aparecia como Domínio, ora como Dominação).

A Segunda Edição de Vampiro: A Máscara no Brasil foi tão crítica que foi recolhida e relançada sem tantos erros.

O termo Kindred aparece as vezes traduzido como Família, as vezes como Membros. Isso é porque esta palavra em inglês é válida tanto para plural como para singular. Recentemente foi estabelecida a tradução como Os Membros ou um/o Membro de uma palavra que significa parentesco ou família. Possivelmente o significado que a Devir adotou seja ‘os Membros da Família’.

Lobisomem: O Apocalipse Segunda Edição foi outro que sofreu com suas tabelas de renome invertidas. Tanto que a Devir recolheu e relançou-o sem estes erros. Além disso, a versão nacional deste livro não contava com os desenhos originais...

Os Caçadores Caçados e O Livro das Sombras são livros pertencentes à Primeira Edição do Mundo das Trevas, no entanto, a Devir lançou-os como sendo da Segunda Edição, anexando as bordas nos livros que nos originais em inglês não tinha.

A tradução do nome da Disciplina Metamorfose é uma adaptação do nome original Protean (que significa ‘multiforme’).

Mago: A Ascensão (Edição Revisada) foi claramente traduzido por Translator (um programa de computador que traduz tudo errado). A maior prova disso é onde aparece Mark SUCESSOS como sendo a tradução de HIT Mark. Se você tem este livro e ele não apresenta este defeito (o meu tem este erro, mas outro dia vi um que não tem), só para corroborar, a Devir recolheu e relançou-o sem erros gritantes.

No Livro do Clã: Malkavian Edição Revisada, o autor cita um certo Antecedente do livro Tempo do Sangue Fraco chamado ‘Vislumbre.’ Se como eu, você tem este livro e não encontrou o Antecedente, eu lhes explico. Em O Tempo do Sangue Fraco está mencionado como ‘Visão Interior.’ Uma... discordância de termos.

Múmia: A Ressurreição é o campeão de erros (e isso que eu só dei uma olhada por cima). Traduziram Reborn (Renascido) como Redivivo. Traduziram Undying (Imortal/ ‘Que-não-morre’) como Imorredouros. Traduziram Dark Kingdom of Sand (Reino Negro de Areia) como Reino de Areia Negra. Traduziram Vessels of Ra (Recipientes de Rá) como Barcas de Rá. Traduziram Scroll-bearers (Portadores do Pergaminho) como Portadores do Brasão. Traduziram Unbandaged Ones (Não-Enfaixados) como Desatados. Se você tem este livro... pêsames.

Esse é só um recado a uma amiga. Ela disse que a Devir tem boa vontade ao traduzir, afinal traduziram Virtual Adepts como Adeptos da Virtualidade e não Adeptos Virtuais – “porque se você olha no dicionário, virtual significa que não existe.” Meu anjo, eu acredito, não vou nem olhar no dicionário. Mas vou lhe dar uma aula de gramática: da Virtualidade e Virtual são a mesma coisa; assim como ‘carinho materno’ e ‘carinho de mãe’ também são a mesma coisa. Lembre-se das aulas na sexta série!

Voltando ao Lobisomem Segunda Edição, vocês sabiam que os Andarilhos do Asfalto chamam-se na verdade Glass Walkers (Andarilhos do Vidro)? Vocês sabiam que os Portadores da Luz Interior são chamados nos livros originais de Stargazers (Observadores de Estrelas)?

No Guia do Sabá, há o documento do tratado da Convenção dos Espinhos. Segundo o livro, o tratado aconteceu na cidade de Espinhos. Vocês nunca se perguntaram como uma cidade inglesa teria um nome em português? Não deveriam ter traduzido o nome da cidade, portanto o Tratado de Thorns ocorreu na cidade de Thorns (Se bem que a cidade foi escolhida para sediar o tratado por causa do nome que significa Espinhos...). Ainda no Guia do Sabá, O que são os Precursores do Ódio? De onde tiraram esse nome? Herbingers of Skulls (Precursores das Caveiras) era o nome original.

Em vampiros do Oriente há também grande número de erros (ainda bem que me desfiz do meu). Principalmente no nome das Disciplinas (quem quiser a tradução correta, veja o Catálogo de Poderes Orientais). Existem três erros que gostaria de ressaltar neste livro. Um é o nome do Dharma (que na versão nacional é sem esse ‘h’) A Canção das Sombras (Song of Shadow) que foi traduzido como o Canto das Sombras (canto é com voz, ‘Sing’, canção não necessariamente inclui voz). Outro é a não tradução das palavras goblin (que todos sabemos ser duende) no capítulo 4 e da palavra maelstrom no apêndice (não é culpa do tradutor que o Translator não reconhece esta palavra). Mas o mais sério é sem dúvida o Manto Yin. Segundo o livro Demon Hunter X, o Yin Mantle é o único poder capaz de defender um ataque de Hundred Star Shower, mas eu havia folheado o livro todo (versão em português) e o Companion e não havia encontrado o poder. O nível 2 da Disciplina Yin Prana (que em português é Prana Yin) é Yin Mantle (Manto Yin) e foi traduzido como NÉVOA YIN! O nome do livro Vampiros do Oriente está errado. Kindred of the East deveria ser traduzido como Membros do Oriente.

Lobisomem: O Apocalipse Edição Revisada foi impresso em papel diferente do original americano.

O Guia da Tecnocracia e Múmia não têm figuras, têm borrões.

O Mais engraçado nas traduções da Devir são a discordância de termos. Em Guia da Tecnocracia eles se referem ao Açoite (Scourge), enquanto em Mago: A Cruzada dos Feiticeiros a tradução da mesma palavra é o Castigo.

Em Hengeyokai, as traduções Império do Meio (Middle Kingdom), Personagem Augusto de Jade (August Personage of Jade) e Macaco Corredor (Running Monkey) estão diferente dos respectivos termos de Vampiros do Oriente, que são, na mesma ordem Reino Médio, Personagem Venerável de Jade e Macaco Inquieto.

Em O Guia da Tecnocracia a tradução de Strike Force Zero foi Força de Ataque Zero. Em Vampiros do Oriente a tradução foi Força-Tarefa Zero.

A ignorância do tradutor de Lobisomem: O Apocalipse traduziu Pack como MATILHA. Se vocês lembram das aulas na quarta série, lembram que o coletivo de lobo é ALCATÉIA e não MATILHA.

Sobre esta eu fui avisado recentemente – ainda não havia percebido. A Devir traduziu the Howl of the Devil-Tiger como O Uivo do Tigre-Demônio. Tudo bem é a tradução literal – eu também traduzi assim. Só que o tigre é um felino e felinos não uivam, felinos bramem ou rugem, nunca uivam que por sinal, o uivo é uma característica dos caninos. O nome correto do Dharma deveria ser O Bramido do Tigre-Demônio. Mas como o erro veio da própria White-Wolf, dessa vez passa. (O Dharma deveria se chamar The Roar of the Devil-Tiger).

Changeling: O Sonhar é uma fonte de erros do mesmo naipe do Múmia. As páginas grudam. Traduziram o Satyr (Sátiro) e o Eshu (Exu), mas não traduziram o Troll (Trasgo) e o RedCap (Manjaléu). Cortaram a citação do RedCap (não há problema, eu a cito aqui: “Tá querendo arranjar encrenca comigo, pode vir, seu punk! Eu vou pintar as paredes com o seu sangue!)”. Na parte de trás da capa (no vitral despedaçado) está escrito “The Sonhar”. Traduziram Realms (Reinos) como Alçadas. Soothsay (Adivinhação) virou o horrendo ‘Vaticínio’ e Chicanery virou a horrenda tradução literal ‘Chicana’. O imbecil que traduziu tinha em mente usar a tradução Visível e Invisível para Seelie e Unseelie; só que isso não é Inglês, é Gaélico! Faery Ring (já citado em Lobisomem e Mago como Circulo Féerico) virou Anel das Fadas. Keening virou Tino. Motley virou Mixórdia. TERRÍVEL!

Provavelmente há mais erros, mas são apenas estes que me recordo por ora. Se encontrar mais algum, eu escreverei...

"Demon Hunter" 17/09/2005

Cenário de Story Teller “O Mundo Punk-Gótico”

Lixo de lanchonetes e jornais amassados vivem pelas ruas, empurrado pelo vento frio do dia cinzento. Vendedores de terno e secretárias, liberados pela hora de seus cubículos, correm para as ruas, casacos colocados firmemente ao seu redor conforme eles fazem seu caminho para suas caixas suspensas. Tráfico para a cada luz, nuvens de fumaça de exaustão quase escondendo os pedestres trabalhadores.

Uma caveira vadia próxima a uma lata de lixo seu cabelo escasso colado a seu escalpo por neve suja. Enquanto isso, muito acima da cidade, seguros em fortalezas de metal e vidro, capitães de indústria contam suas moedas, olhos gananciosos brilhando em seus escritórios estéreis. Vendedores de armas riem, balançando mãos cheias de dinheiro, pouco se importando pelo massacre trazido pelas suas vendas. Crianças góticas, enfaixadas em preto, faces brancas procurando em algo para acreditar, giram desesperadamente para a música saindo do vazio. Deslizando entre sombras escondidas, vampiros sorriem sádicos para essas futuras almas negras, esperando a refeição que virá. Uma criança espancada geme em seus pesadelos, puxando sua caixa de papelão mais perto conforme ela chora. O cenário é o começo do inverno, o Mundo das Trevas. Mundano como nosso mundo, mas um pouco mais sombrio um pouco mais terrível.

Este é o cenário onde se passam os jogos da linha storyteller, ambos os jogos, desde o o infantil Changeling, até o assustador Demônio necessitam de maturidade e sabedoria para saber a hora de parar. Se por acaso, devido ao jogo, os jogadores ficarem estranhos, tristes e até chorarem, pare, tomem um refrigerante, comentem sobre o jogo de futebol que assistiram e quando os ânimos voltarem ao normal, voltem a jogar.O jogo pode ficar mais interessante fazendo algumas alterações quando for jogar, coloque uma música instrumental calma, acenda um incenso, algo que possa fazer entrar no clima do jogo, mas não algo que tome a atenção dos jogadores, assim, fica mais fácil por o clima de jogo na sessão.

Jefferson Silva de Almeida “Allos Nerelin”

O que é RPG ?

Caros Pais,
Gostaríamos que vocês investissem um pouco do seu tempo lendo este folheto, para entender um pouco mais à respeito de um dos hobbies que seu filho pratica, o R.P.G. A sigla R.P.G. vem do inglês RolePlaying Game e significa “Jogo de Interpretação de Personagem”, ou “Jogo de faz-de-conta”. O RPG é basicamente um jogo de Teatro. Nele, seu filho e alguns amigos fazem o papel de Atores, representando heróis em um mundo fictício criado pelo Diretor, também chamado Narrador ou Mestre de Jogo. Todos os participantes criam personagens heróis como Guerreiros,
Espiões, Mágicos, Samurais, Ninjas, Policiais, Detetives, Astronautas, Elfos, Anões e outros, e juntos montam um time que deve enfrentar os obstáculos, inimigos e monstros criados pelo
Narrador, como em um videogame, mas utilizando lápis e papel. A Aventura rola enquanto os jogadores tomam decisões, Sentados à volta de uma mesa, anotando em papéis e jogando dados,
eles precisam agir em grupo e tomar as melhores decisões para que seus Personagens consigam vencer os desafios do Narrador, da mesma maneira que um videogame, mas permitindo uma
interatividade muito maior entre seu filho e os amigos dele. Jogar RPG é como assistir a um filme ou ler uma revista em quadrinhos, mas com VOCÊ participando da história!

Quais os benefícios do RPG?
Como atividade cooperativa e lúdica, os jogos de interpretação trazem muitos benefícios para seus participantes. O RPG desenvolve a Criatividade (porque os jogadores precisam contar a história de seus Personagens para os outros jogadores), o Trabalho de equipe (o grupo só supera os desafios se se mantiver unido), Cooperação (cada um dos personagens possui diferentes poderes e apenas a cooperação entre eles fará com que consigam resolver os enigmas), Socialização (pessoas tímidas usam o teatro para se soltarem mais e perderem o medo de falar em público). Além disso, o RPG desenvolve nas crianças o gosto pela leitura e a curiosidade de buscar informações e fazer pesquisas. Escolas de Teatro usam o RPG para ensinar Improviso a seus atores, Psicólogos utilizam o RPG como ludoterapia para tratar de crianças com problemas de socialização e professores utilizam o RPG em sala de aula como maneira de melhorar o aprendizado dos alunos. Muitos dos RPGistas gostam de desenhar, escrever histórias e
praticar esportes com seus colegas de jogo.

Como se Joga?
Para jogar RPG, você não precisa de tabuleiro ou computador. Precisa apenas de um livro de regras, lápis, borracha, dados de seis e dez lados... e um grupo de amigos. Cada participante anota em uma Ficha os Atributos, Vantagens, Desvantagens e Poderes de seus Personagens enquanto o Mestre anota as mesmas características para os Monstros que os Personagens irão enfrentar. Peça a seu filho que lhe mostre uma destas Fichas de Personagem e lhe explique para que servem cada um dos números. Tenho certeza que ele irá adorar fazer isso. Durante a Aventura, o Mestre coloca os desafios (um dragão que ataca uma vila indefesa, uma nave espacial cheia de piratas malignos, um bandido que aterroriza uma cidade, etc, etc...). Os Personagens, como heróis, precisam vencer os vilões e resolver os problemas. Para isso servem os dados “estranhos”. Eles decidirão o resultado das batalhas, como em uma partida de WAR ou Banco Imobiliário. Cada tipo de RPG possui regras diferentes. Novamente, peça a seu filho que lhe explique como funcionam as regras do Jogo que ele mais gosta.

Você Está Preparado?
Sim, está. RPG pode ser diferente de todos os outros jogos que você conhece, mas com certeza será familiar. Em algum momento de sua vida você já brincou de fazer-de-conta, o que é quase a mesma coisa. A única grande diferença é que, no RPG, existem regras.

Marcelo Del Debbio
(Arquiteto e Designer de Jogos)